Autor: Laurell K. Hamilton
Ano de publicação: 1995 (edição original) / 2007 (edição que li)
Editora: TSR / Wizards of the Coast
Série: The Ravenloft Covenant, livro 1

Capa de 1995
Este é o décimo terceiro romance publicado que se passa no cenário de campanha Ravenloft. Até hoje, vinte e dois livros, tanto da TSR como da Wizards of the Coast, se passam no semi-plano do terror. Muito pouco, se me perguntarem, mas eu sei que escrever horror (bem) é mais difícil que a fantasia nossa de todo dia. Felizmente, a TSR deu a tarefa à excelente Laurell K. Hamilton. Famosa pela série Anita Blake, Vampire Hunter, Hamilton definitivamente sabe como transformar o que poderia ser uma história de fantasia típica em algo horripilante e desconfortável. Aposto que você nunca imaginou que magias de cura poderiam deixá-lo desconfortável — pois Hamilton irá fazê-lo pensar duas vezes da próxima vez que jogar com um clérigo em D&D. Ou, ao menos, em Ravenloft.
Falando nisso, esse é o único ponto fraco do livro: você precisa ter algum conhecimento sobre Dungeons & Dragons, em geral, e Ravenloft, em particular, para apreciar Death of a Darklord. Mas esse é um pecado menor, e o único no qual consigo pensar. Isto posto, vamos ao enredo (sem spoilers, prometo!).
No domínio de Kartakass, famoso por seus bardos e por seus lobos monstruosos, um grupo de heróis combatentes do mal se organiza em torno do Covenant, que por sua vez se parece bastante com células terroristas — um grupo sabe o mínimo possível sobre outros grupos, e tem contato com apenas um único “operador”, para evitar comprometer toda a organização caso um deles seja capturado ou encantado. Um desses operadores, já velho e sofrendo e uma doença debilitante, é tentado logo no prólogo pelo BBEG a vender um dos jovens membros do Covenant em troca de um corpo novo, jovem e saudável. Enquanto isso, numa das mais bem-sucedidas células do Covenant, a joven Elaine descobre seu talento mágico. Isso seria ótimo (em qualquer outro mundo), mas em Kartakass magia geralmente significa magia negra e corruptora. O líder da célula, Jonathan Ambrose, “mage finder”, inimigo de tudo o que é mágico, precisa decidir o que fazer com a jovem Elaine ao mesmo tempo em que recebe uma carta solicitando que viaje para a pequena cidade de Cortton, que sofre com uma praga de zumbis.

Capa de 2007
Mesmo sendo um pouco PG-13, preciso confessar que este livro me deixou nervoso em vários momentos. A vida de absolutamente nenhum personagem é sagrada, os clichês de fantasia são atirados pela janela, não existe deus ex machina, e eu virava cada página com a certeza de que tudo iria dar errado e todo mundo iria morrer. A autora foi bem criativa com o que poderia fazer dentro do universo de Ravenloft, mas fez bem diferente de gente como R.A. Salvatore, que parece escrever com o PHB e o DMG ao lado do computador. Para que o horror saltasse às páginas, ela precisou ignorar um bocado das “regras para personagens” do D&D, e eu me sinto grato por isso — de outra maneira, ela não teria conseguido, acho eu, descrever magia como algo potencialmente maligno e definitivamente sombrio. Mesmo a descrição de dois elfos é desconsertante e ligeiramente incômoda — como deveriam ser criaturas estranhas como elfos num domain of dread.
Apesar de ser o primeiro livro de uma série de cinco, Death of a Darklord pode ser lido como uma história fechada, sem compromisso com o livro seguinte. Se você gosta de horror e fantasia, especialmente se gosta de temer pela vida de cada protagonista, considere este livro recomendado.
Qualificação: ★★★☆☆ (3 estrelas: gostei)
Meu sistema de qualificação: 1 estrela: não gostei, 2 estrelas: livro meia-boca, 3 estrelas: gostei, 4 estrelas: gostei muito, 5 estrelas: estupendo. A quantidade de estrelas reflete o quanto gostei da leitura, não a qualidade da escrita. Um livro pode ser maravilhosamente bem escrito e eu não gostar; outro pode ser meio amador mas eu adorar de paixão.
Uma versão mais curta desta opinião foi publicada em inglês no GoodReads.com. Clique aqui para lê-la.
Você também tem a chance de adquirir o audiobook na Audible, através deste link.
Parece ser bem interessante, adicionado na lista de leituras.
A sua descrição me deixou interessado neste livro, só tenho uma pergunta: você falou que a magia é uma coisa horrível, mas qual é o “nível” da magia? É fácil para os usuários de magia fazerem algo como bola de fogo? Ressucitar? Gerar alimento do nada?
Pergunto por que magia demais me tira da história, me dá a impressão que todo mundo deveria estar andando de tapete mágico e não a cavalo. E que devia existir cadeias de fast food gerenciadas por druidas.
Sim e não. No universo do livro, magia (a.k.a. sobrenatural) em geral é comum, mas inerentemente maligna: mortos-vivos são uma praga, as florestas estão repletas de lobisomens (wolfweres, para ser mais exato) e o mal sobrenatural parece perene. Mas essa é a definição ampla de “magia”. Se você está perguntando sobre Mágicos e clérigos propriamente ditos, eles são raros. Só aparecem dois no livro todo, além de histórias sobre bruxos que o grupo perseguiu ou causos que um dos membros do Covenant, advindo de um mundo de fantasia mais genérico, conta. Mas os dois usuários de magia que aparecem são fodásticos, capazes de ressurreição, ler mente e soltar fogo pelos dedos.